A cultura mais expressiva em número de produção e área cultivada no município é o café. Os últimos dados sobre a cultura, divulgados pelo Painel Agro do Incaper em 2022, mostram que a produção de café foi de 21.840,00 toneladas em 7.400 hectares.
Maior produtor de café de Pinheiros e um dos maiores do Espírito Santo, a família Orletti é pioneira no cultivo no município. Na terceira geração de cafeicultores, a família se destaca também na verticalização da produção.
Para alcançar os resultados conquistados, Jonas Franciscco Orletti, neto do pioneiro, Victorio Orletti, conta que, apesar dos bons números de produção, foram em busca de novas técnicas de manejo, tecnologia e informação, e a partir daí implantaram inúmeras inovações.
“Viajamos o Brasil inteiro, as principais regiões produtoras, SP, MG, BA e PR para conhecer o que tinha de diferente, principalmente pela experiência do pessoal do arábica no quesito qualidade e o que poderíamos implantar aqui. Mudamos desde a forma do plantio, ainda utilizávamos um modelo antigo com sete hastes e uma condução que vinha do tempo do meu avô, o espaçamento entre as plantas, utilizando clones melhores e mais eficientes, mudamos também o nosso sistema de irrigação e de manejo. Hoje utilizamos muito drone e nossa lavoura é plantada de modo que podemos colher de forma 100% mecanizada”, explica Jonas.
E os investimentos se mostraram promissores. O produtor conta que saíram de uma produção média de 30, 35 sacas e saltaram para mais de 100 sacas por hectare, nas áreas onde foram implantadas as mudanças.
“Hoje temos áreas de produtividade de mais de 100 sacas, não em uma colheita, mas em uma média de quatro, cinco anos, um número bastante expressivo. É normal, em boas lavouras, o produtor colher 100, 120 sacas, mas geralmente tem quedas grandes desses números. Em nossa área, temos conseguido manter uma média de cinco anos acima de 100 sacas”, explica.
Outro passo importante foi a busca por certificações. Conquistaram o 4C - Código Comum da Comunidade Cafeeira e o Rainforest Alliance, principais certificações do mercado na rastreabilidade do café, agricultura regenerativa e o plantio de mais de 50 mil mudas de árvores nativas da Mata Atlântica.
Verticalizar para crescer Há oito anos, após uma parceria com a Nestlé, enxergaram a oportunidade de montar uma cafeeira e comprar direto do produtor para entregar na empresa. Nascia assim a Robusta Coffee em Pinheiros. Tempos depois criaram a Espresso Robusta e a Bahia Coffee.
Atualmente as três empresas compõem o Grupo Robusta. Só este ano são 1.3 milhão de sacas comercializadas, boa parte exportada para mais de 22 países. Para Jonas, esse sucesso se deve “principalmente por ser uma cafeeira tocada por produtores rurais, com uma proximidade muito grande para entender o que o produtor queria, conseguir os preços e melhores condições e oferecer serviços diferenciados”.
Para garantir a qualidade do café montaram um laboratório para fazer análises, não só físicas, mas também sensoriais dos grãos, e assim atender a demanda da indústria, desde cafés um pouco melhores e de maior qualidade. Hoje atendem os 12 principais players do mercado.
“Enxergamos que se tivéssemos um diferencial em relação às outras cafeeiras, conseguiríamos obter um espaço que ainda não era preenchido, que é justamente a questão de ser especialista na avaliação de cafés para atender a indústria”, destaca Jonas.
Mas, para isso, outra vez, foram em busca de qualificação sobre qualidade sensorial do café. Começaram com cursos básicos, foram avançando e hoje o Jonas tem o Q-Arábica Grader e Q-Robusta Grader, certificações americanas que comprovam que o profissional é gabaritado para avaliar cafés no mundo inteiro.
Hoje, no Brasil, um número seleto de em média 12 profissionais contam com as duas certificações. Convidado para ser instrutor pelo Coffee Quality Institute (CQI), Jonas já foi aprovado como instrutor assistente e está na fase final para ser o primeiro instrutor brasileiro Q-Robusta Grader.
“Essas especializações foram o nosso diferencial de mercado e têm aberto muitas portas, a ponto de hoje treinarmos funcionários das empresas que compram nosso café, como a Nestlé, a Olam e outras que buscam a gente como referência”, pontua Orletti.
[Da edição "Especial Pinheiros". Matéria produzida pela revista Campo vivo] [Publicação: Franklin Cirino Ribeiro - Assessoria de Comunicação]
Publicado em segunda-feira, 27 de maio de 2024
